Tratamento de ferimentos e de úlceras de pressão
Ferimentos são definidos como a ruptura das estruturas e funções normais dos tecidos de determinada área do corpo, havendo a perda da cobertura cutânea ou de tecidos subcutâneos, músculos ou ossos. Diversas são as causas para ferimentos de difícil tratamento. Traumas, queimaduras, processos infecciosos, procedimentos cirúrgicos e úlceras de pressão, estão entre causas comuns. Tratamentos com radioterapia em alguns casos também podem causar lesões teciduais e queimaduras. Doenças associadas, como o diabetes, as doenças vasculares, as cardiopatias, as neoplasias e estados de imunossupressão, aumentam a complexidade das feridas e retardam sua resolução. Processos inflamatórios em doenças como artrite reumatoide, lúpus, esclerodermia, vasculites e anemias, entre muitas outros, também são fatores importantes.
Existem várias formas de tratamento, de acordo com o tipo de lesão. No hospital, os cuidados com esses pacientes estão associados com tempo de internação prolongado, uso de antibióticos e necessidade de curativos diários. É necessária a presença de equipe interdiscliplinar, com enfermeiros, fisioterapeutas, e diferentes especialistas das áreas médicas de clínica, cirurgia ou ortopedia, conforme a exigência do caso.
As feridas graves ocasionadas por trauma podem levar extensa perda cutânea e com prejuízo na viabilidade dos tecidos, lacerações, exposição de tecidos nobres e ate mesmo amputações. As queimaduras mais extensas e profundas geralmente são tratadas em centros especializados. As feridas cirúrgicas complicadas resultantes da deiscência de incisões de cirurgias prévias, podem estar associadas à infecção ou isquemia tecidual, e serem agravadas pelas condições clínicas do paciente. Ferimentos necrotizantes levam a infecção agressiva dos tecidos, com disseminação para os planos profundos, trazendo sérios riscos. As feridas diabéticas são outra complicação grave, e surgem mais comumente nas extremidades dos membros inferiores e são resultantes de neuropatia e da macro e microangiopatia que o diabetes provoca, sendo fundamental o papel do endocrinologista. Úlceras venosas nos membros inferiores e outras doenças vasculares devem ser devidamente diagnosticadas e tratadas pelo especialista em cirurgia vascular.
O cirurgião plástico pode participar nos cuidados de pacientes com ferimentos de difícil resolução. São realizadas avaliações, limpezas do ferimento, curativos e procedimentos cirúrgicos, tais como a confecção de enxertos ou retalhos, ou reconstruções mais complexas para a cobertura de defeitos quando necessário, e realização de biópsias de tecido e estudo histológico quando indicados.
As úlceras de pressão
Úlceras de pressão são áreas de ulceração e/ou necrose da pele e tecidos moles em qualquer parte do corpo, usualmente sobre proeminência óssea, que sejam submetida a uma pressão prolongada. Os locais mais frequentes de aparecimento são a região isquiática (região mais comum) e a região sacral. Pacientes hospitalizados, portadores de paraplegias e pessoas com idade avançada são os mais acometidos por esse tipo e ferimento. A força de atrito e a pressão direta prolongada sob proeminência óssea, provocam isquemia (lesão por falta de suprimento sanguíneo) e lesão nos tecidos. Estudos científicos demonstram que uma pressão de 32mmHg é suficiente, quando atuando por período extenso, para produzir úlcera de pressão.
Existem classificações para essas lesões, dividindo-se desde estágios iniciais de vermelhidão e inflamação na região, até áreas de ulceração e necrose com possibilidade de infecção.
A prevenção é o melhor tratamento para as úlceras. É realizada através do alívio da pressão, da alteração de posição em pacientes acamados ou em cadeiras de roda, e através do uso de colchões especiais (colchão pneumático ou piramidal). Cuidados com a pele e a higiene devem ser realizados, evitando-se umidade (transpiração, urina e fezes) e utilizando-se cremes hidratantes. A inspeção regular por familiares, por equipe técnica e de enfermeiros e pelo médico deve se realizada. Massagens melhoram o retorno venoso, o tônus vascular e reduzem o edema. O suporte nutricional adequado deve ser proporcionado ao paciente, e a estimulação da circulação sanguínea deve ser realizada através da atividade física (quando possível) ou fisioterapia, pois os movimentos melhoram o tônus muscular e vascular. Por isso, é fundamental a atuação de todos os profissionais envolvidos, como equipe de enfermagem e técnicos, fisioterapeuta, nutricionista, médicos.
São objetivos do tratamento o alívio da dor, o retorno às atividades de movimentação quando possível, e a prevenção de complicações. As úlceras estão frequentemente associadas a infecções, que devem ser investigadas. Entre as complicações estão a sepse (infecção sistêmica) e a osteomielite (acometimento ósseo). Em áreas com lesões crônicas ou repetidas, podem ocorrer neoplasias. A endocardite secundária a úlcera é outra complicação temida.
Estudos radiológicos são realizados em casos específicos, para investigar o grau de invasão e possibilidade de acometimento ósseo. O tratamento cirúrgico pode ser indicado conforme o caso, retirando-se de material necrótico da ulcera, realizando-se retalhos locais, de acordo com a região acometida e o tamanho do ferimento. Fragmentos de tecido retirado são enviados para estudo, pela possibilidade de alterações histológicas na região.
Atualmente, o curativo com pressão negativa, denominado V.A.C. (a sigla significa vacuum assisted wound closure), tem sido utilizado para casos selecionados de ferimentos com difícil tratamento. Consiste em um curativo a vácuo, com uma espuma aberta dentro da cavidade da ferida, recoberto com um plástico selante. A pressão negativa controlada e local que o curativo mantém, uniformemente, no leito da lesão, ajuda a remover o fluído intersticial e o material infeccioso, permitindo a descompressão, promovendo cicatrização e a formação de tecido de granulação no local. A contração é uma parte importante da cicatrização, e o tratamento com o curativo auxilia nesse sentido, aproximando as margens da ferida ao centro. O curativo pode ser utilizado em feridas crônicas ou agudas, diabéticas, traumáticas, úlceras de pressão, deiscências após cirurgias, enxertos e retalhos.
Atenção: Este é um site informativo sobre cirurgia plástica, que tem como objetivo o conhecimento geral sobre os principais temas na área. Não substitui a consulta médica, com avaliação criteriosa e individual, e orientações específicas para o esclarecimento de dúvidas.
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